sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O abandono abrupto dos medicamentos

Algo que eu não vou falar com detalhes no multi artigo ''borderline e toxicodependente''.
O abandono abrupto dos medicamentos em dezembro de 2013 causou o pior dos estragos na minha reputação, moral, e relacionamentos.
Primeiro foi quando os medicamentos não fizeram efeito e eu acabei por atacar a sangue frio a minha melhor amiga com uns socos na cara, e depois foi quando eu tive um belo problema com uma pessoa e acabei por espetar-lhe uma facada nas pernas e nos ombros sem intenção de homicidio, o motivo era magoa-la e dar-lhe de graça uma viagem ao hospital. E foi apenas isso que aconteceu, não se assustem.
Depois foram mais uns belos dias e umas belas noites passadas a ver o sol nascer e pôr sem fazer mais nada de produtivo que isso, depois foram mais uns tempos a dormir o minimo de horas possiveis, cheio de agitação e pensamentos hostis, que me impediam de ter um sono decente.
Com o tempo fui melhorando, deixei de estar em depressão/agitação e voltei ás oscilações de humor (quase estabilidade, quase loucura).
Mas o sono e a agitação nunca passaram, foi pelo menos meio ano em agonia total e ainda hoje essa agonia permanece, embora em menor grau e já com alguns medicamentos que pouco ou nada fazem efeito.
Estive no psiquiatra para tentar voltar a tomar os anti-psicóticos sedativos que antes tomava, mas ele não se importou em passar-me uma receita de medicamentos, apenas me aconselhou a aguentar a minha compulsão até que o cri aceitasse a minha entrada em uma comunidade terapêutica que de certeza que não vai aceitar.
Estou a imaginar, eu quase a tentar o suicídio e eles sem me aumentarem a dose terapêutica de medicamentos.
mas enfim, que se há-de fazer?

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Borderline e toxicodependente part8

o encontro com a minha ex-melhor amiga.

Como já estava livre, fora da escola, o que decidi fazer?
Marcar um encontro com a minha ex melhor amiga na escola dela para estar-mos juntos, e foi assim que aconteceu, marcamos o encontro, estivemos juntos e houve um problema.
Nesse dia os medicamentos não fizeram efeito, (esqueci-me de os misturar com opiáceos) fiquei totalmente frustrado e indisposto, até parece que voltou aquela sindrome de abstinência psicológica que me deixou totalmente impulsivo.
E o pior de tudo é que a minha melhor amiga andava a ser pressionada pelo próprio namorado (que tanto a amava) para deixar de dar a confiança que dava antes aos amigos e passar apenas a cumprimentar e a deixar de lado.
Eu senti-me abandonado, desvalorizado, e saí á procura dela, ela andava-me a evitar para que o namorado não descobrisse e acabasse com ela, ainda hoje sinto tanta raiva daquele gajo que juro, quando o apanhar na rua vou dar cabo dele.
Eu não a vi em lado nenhum, e foi aí que comecei a chorar aflito, eu possuía um enorme afecto por ela, muito parecido com dependência emocional, estava habituado a abraça-la, andar de mãos dadas com ela pela vila fora, fiz uma tatuagem com as iniciais do nome dela, e um infinito que fiz eu e ela, para testemunhar que a nossa amizade seria infinita, mas eu com os meus delírios, vi que ela estava a quebrar todas as promessas, estava a quebrar o símbolo da nossa amizade.
Encontrei-a na rua, fui falar com ela, e ela precisou que a amiga dela me dissesse que o namorado dela a tinha quase proibido de dar esse tipo de confianças para os amigos.
O que mais me intrigou é que ela obedeceu a tudo o que ele mandou sem pestanejar mesmo depois de me ter prometido totalmente o contrário, eu parti para cima dela (sim, agredi-a) de forma impulsiva, atirei-lhe com meia dúzia de socos na cara, e depois parei para não lhe fazer estrago nenhum, uma vez que eu estava frustrado com o fato de os medicamentos não terem feito efeito absolutamente nenhum, podia ter feito algo mau.
Vi-a a chorar, e isso permitiu que eu não entrasse em depressão logo de seguida, fez com que eu a despreza-se logo de um momento para o outro.
Mas não foi o pior, a partir desse dia eu parei de tomar a medicação inteira, e as coisas foram ficando muito más.

A primeira vez na heroína

Não posso enganar as pessoas que entram aqui no blog e dizer que não gostei da minha primeira vez na heroína, que não foi bom, apenas posso dizer que esse prazer não deve ser aceite pois tudo tem um preço.
E mais uma vez : -Olha para o que eu te digo e não para o que eu faço.
Mas passando ao assunto do post:
A minha primeira vez foi única, não vomitei nem nada, senti uma paz interior profunda, como a de um religioso fanático quando vai ao culto ou talvez muito melhor (Uma vez que eu não sei muito bem o que um religioso fanático sente).
Era como se o mundo fosse construído de amor e rosas, tudo á minha volta parecia magnifico, dava gosto viver com o pensamento positivo que a heroína me dava.
Eu simplesmente apaixonei-me pelo efeito, embora custa-se muito mais que um charro de polex, fazia um efeito revolucionário, foi amor á primeira vista, quis voltar a consumir novamente, assim que tivesse dinheiro (o que aconteceu muito rápido.
Passado alguns dias, lá estava eu ao pé do mesmo mano de sempre, já com o dinheiro suficiente para ir fumar uma chinesa (Heroína na prata).
Nesse dia, a droga fez um efeito ainda maior, comecei a ficar com a visão turva e acabei por vomitar muito.
Depois de vomitar, veio a paz novamente, aquele sono muito pesado começou a evadir a minha cabeça, e quando cheguei a casa fui logo dormir, nem sequer me apeteceu comer nem nada.
No dia seguinte continuava com dinheiro, e lá fui eu mais uma vez consumir.
Nesse dia já não vomitei, continuei a sentir o efeito de paz, que mais tarde se tornaria em guerra para voltar a sentir a paz. (Como os politicos dizem que fazem guerra pela paz, assim era eu).
A partir daí comecei a ficar compulsivo, a minha dor emocional tinha se tornado ainda maior que antes, comecei a querer consumir todos os dias, e passado mais um dia a famosa ressaca que iniciou todos os meus esquemas para consumo.
Comecei a roubar, a manipular todo o tipo de pessoas que pudesse manipular, aí já não era mais aquela paz que eu pensava ser quando comecei a consumir, muito pelo contrário, era uma vida baseada na guerra, não procurei ajuda para me libertar, pois o que eu queria era voltar a sentir a paz mais uma vez e mais uma vez e mais uma vez.
Mas há um dia em que a pessoa nota que afinal o efeito de paz é apenas uma ilusão, e é nesse dia que a pessoa em vez de continuar na guerra deve se dirigir ao centro de atendimento ao toxicodependente e tratar-se.
As primeiras vezes iludem-nos sempre, é como aquela mulher que se apaixona á primeira vista por um homem, e mais tarde é vitima de violência doméstica por parte dele, é assim a droga.

Cuidado.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Os primeiros tempos sem heroína

Ainda me lembro como se fosse ontem, é muito dificil esquecer os momentos mais torturantes da minha vida.
De dores, eu não sofri muito pois tinha o tramal que embora pareça algo fraco comparado com a heroína, era eficaz a remover grande parte da dor.
O pior foram os dias sem dormir, passei 15 dias inteiros acordado, e isso ainda não é nada.
Comecei a conseguir dormir 2 horas por dia passado esses 15 dias, e foi aumentando o numero de horas, mas a minha instabilidade emocional estava em um nivel extremamente grave e foi aí que eu comecei a ver que o álcool, mesmo sendo mais barato, aliviava as minhas crises emocionais.
E foi assim mesmo, todas as sextas feiras eu ía até vila pouca ter com amigos para beber uns copos (é claro que eu não ía todos os dias).
Foi aí que eu passei a ter as minhas primeiras recaídas no valium, como já tinha dito em outros artigos.
Lembro que que fui expulso do basket por aparecer lá fazendo asneira, depois de ter perdido a consciência ao misturar álcool com o medicamento para ansiedade (valium) que já era muito famoso naquelas ruas que eu frequentava.
Mas essas recaídas não foram suficientes para me levar de volta ao vicio, e sabem porque?
O meu humor com o tempo mudou, comecei a escrever e a praticar desporto 3 vezes por semana, isso ajudou-me a esquecer as drogas por momentos.
Garanto também que embora tenha tido algumas recaídas passado esse tempo, não voltei a consumir diariamente e com o tempo as recaídas deixaram de ser possíveis.
Você ao clicar na etiqueta ''memórias'' pode encontrar tudo do inicio ao fim, toda a história, todas as recaídas, tudo mesmo...
Hoje vivo um dia de cada vez, não posso dizer que venci, ainda estou na luta, e ainda possuo uma instabilidade emocional e afectiva extremamente alta que me leva a ter compulsões, mas estou sem ter recaídas desde há mais de meio ano.
Procurando uma forma de tratar o meu vicio e o meu transtorno de personalidade de forma mais profunda, estou a tentar entrar em uma comunidade terapêutica, á espera que o meu psiquiatra (que não é nada fácil) aceite a minha entrada na clínica.


Misturando opiáceos com valium

Esta é a pior forma de destruição que alguém pode adquirir com o tempo.
Quando eu fumava só heroína, fui me viciando e tomando doses superiores, até que já não fumava por aquele prazer que me dava fumar, aquele efeito de calma e paz, mas sim por compulsão.
Eu precisava de fumar cada vez mais, já não havia alivio do sofrimento no vicio mas sim aumento do sofrimento.
Foi aí que descobri o valium, um medicamento que iria revolucionar totalmente o meu modo de vida nos meses seguintes (E até mesmo passado anos sem consumo de heroína).
Agarrar-me ás misturas com valium foi a pior coisa que eu pude fazer na minha vida, a partir daí comecei a gastar menos dinheiro em heroína mas uma vez que há sempre um pagamento a mais, seja com dinheiro ou não, sempre que tomava o valium com a heroína perdia a consciência da realidade, já não vivia mais ali, já não sabia mais o que fazia, e nos dias seguintes não me lembrava de nada, mesmo que tivesse feito algo muito mau.
Para acabar com o sofrimento das ressacas mais uma vez, tive de me submeter a saír do mundo, todos os amigos que eu ainda possuía na altura que fumava apenas heroína, desapareceram em um piscar de olhos.
Perdi tudo... Esse foi o preço que eu paguei para não ter de gastar tanto dinheiro a consumir a maldita droga.
Eu já só conseguia fumar para estabilizar, e não era uma grande estabilidade, apenas beirava isso.
Esse medicamento foi me traumatizando tanto, que ainda hoje quando eu estou a ter acessos de raiva intensa, tenho vontade de o tomar (e misturado com álcool de preferência).
O valium vem fazer com que seja ainda mais dificil largar a heroína...
Juntamente com a heroína, o valium é mais um vicio potente.
Tanto o valium, como o xanax, como qualquer outro benzodiazepinico ou até mesmo anti-psicótico que seja misturado com droga ou seja tomado em excesso.

Os esquemas de um toxicodependente

Quando me tornei viciado em heroína, a ressaca obrigava-me a pensar demasiado para conseguir mais doses para consumir.
Eu inventava histórias, eu esperava pessoas em cantos escondidos para as roubar, eu fazia muita coisa, mas principalmente explorar todos os que vinham até a mim.
Naquela altura eu era uma pessoa muito conhecida na zona onde eu estava por ser não só consumidor de heroína, como também consumidor de haxixe, e essas pessoas que me conheciam, vinham até a mim com o objectivo de me pedir para lhes comprar haxixe.
Então eles davam-me 10 euros e eu dizia:
-Dá-me vinte e eu arranjo-te quantidade de 30.
Eles davam-me...
Eu fazia-os esperar por mim, dizendo que ia ao centro da cidade comprar e que voltava logo para lhes entregar a mercadoria, mas não...
Eu não comprava nada para eles, eu ia gastar esse dinheiro em heroína logo que mo davam e quando me perguntavam onde estava o dinheiro e a droga eu simplesmente dizia que a policia tinha me apanhado e ficado com a droga toda.
Essa desculpa fez com que muitos ingénuos ficassem sem o dinheiro, e sem nada para eu assim matar a minha ressaca.
Mas houve muitas coisas mais que eu fiz para conseguir o dinheiro, como já tinha dito no artigo ''Mentir, roubar, explorar, traficar'' (acho que é este o nome do artigo).
Irão ver a seguir no próximo artigo mais um esquema que a ressaca me obrigava a cometer.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Os meus consumos de haxixe

Uma coisa que não contei no artigo continuo ''borderline e toxicodependente'' foi sobre os meus consumos de haxixe.
Com 14 anos eu fumava haxixe todos os dias, foi o único ano em que fumei haxixe praticamente todos os dias durante 1 ano, mas como o haxixe cada vez mais se está a tornar um assunto sem importância, decidi não falar no artigo sobre isso.
Hoje como vi em um outro blog de um ex-toxicodependente falar sobre o haxixe, eu decidi também falar.
Nunca acreditei que o haxixe fosse uma droga, para mim aquilo era tudo menos droga, eu o considerava um cigarro mais potente que os normais, apenas isso.
Ele fazia um efeito de pequena sedação que durava cerca de 1 hora nada mais, noto que nessa altura em que eu fumava, eu, como tinha problemas de compulsão influenciados pela minha instabilidade emocional, tinha o desejo de consumir sempre que o efeito da droga acabasse, e como isso nunca era possivel, eu ficava frustrado.
Isso influenciou-me muito a que passado um ano eu passa-se a usar drogas de efeito mais prolongado, como a heroína o álcool e passado mais tempo, o valium que combinado com álcool ou heroína pode prolongar o efeito de perda da consciência durante 1 dia.
O meu desejo era estar sempre dopado sedado, sem que esse efeito parasse 1 única vez durante o dia.
Sei lá porque... Talvez porque não queria assistir aos baixos de uma sociedade completamente destruída, de pessoas sem princípios, pessoas falsas que não sabem oferecer amizade... Preconceito ...
Tudo isso me deixava impulsivo, eu sempre odiei isso, nunca consegui ter uma boa conduta na sociedade por não saber lidar com ela.
Eu simplesmente estava revoltado, com razão para isso, só não tinha razão para entrar no consumo de drogas.